21 de abr. de 2010

Soneto das Luas



"São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida."
(Vinícius de Moraes)


Como ante um amplo luar, de uma luz
Dessas que a todos os vivos seduz,
Comovo-me de saber que tu existes,
- Ainda mais bela do que eu supus.

Pois mesmo a luzir sobre as coisas tristes
Mantém a lua seu encanto em riste
E sem aviso a razão se reduz
À sombra vil de um efêmero chiste...

E me espanta ver, nas duas presenças,
Grandeza tanta, em diminuta imagem;
Firmeza tanta, em velada sentença!

De sangrar, de longe, ante tal miragem;
Contemplar, tal monge, a mais pura ausência
Na eterna noite de eterna viagem.

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